sexta-feira, março 31, 2006

Naufrágio do Ministério da Fazenda

Depois das mudanças na equipe econômica do país, a saída de Antônio Palocci do Ministério da Fazenda e de Joaquim Levy do Tesouro Nacional, a Fazenda afunda. A chuva do dia 30 de março inundou o subsolo do anexo do Ministério da Fazenda. A prédio está cheio de rachaduras. A sala do Centro de Processamento de Dados foi inundada. Veja imagens feitas por um fotógrafo amador.


Após a chuva...

Funcionário tentam secar a água depois da tempestade

A água subiu por debaixo do piso

O piso tem altura de 20 centímetros

A água trasnbordou o piso

Deixou os computadores do Ministério sem rede

O prédio está ruindo. Espero que nossa economia não esteja no mesmo rumo.

Favela????

Imagem: capa do livro Um século de favela
"Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo e lutando a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo"(Florestan Fernandes)

Segundo Jane Souto de Oliveira e Maria Hortense Marcier, no texto: A palavra é: Favela. O termo favela tem origem no sertão baiano, onde se concentravam os seguidores de Antônio Conselheiro. A palavra difundiu-se no Rio de Janeiro a partir da ocupação do morro da Providência. Os soldados que voltavam da guerra de Canudos, “acompanhados de suas cabrochas (mulheres negras ou mulatas)”, receberam autorização do governo para morar no morro da providência. As mulheres destes soldados eram naturais de uma serra chamada Favela, município de Monte Santo – Bahia. Diz o texto que se falava muito da Bahia e da tal Serra, que acabou dando nome aos morros cariocas.

A Favela Vai Abaixo (1928)
J.B. da Silva (Sinhô)

Seresteiro/ Minha cabocla, a Favela vai abaixo! Quanta saudade tu terás deste torrão/ Da casinha pequenina de madeira/ Que nos enche de carinho o coração! (...)
Composta na ocasião em que o Morro da Favela foi derrubado.

quarta-feira, março 29, 2006

Brasil, instituição falida

Texto e imagem de Victor Martins


A Deputada Federal pelo PSB de São Paulo – Luiza Erundina, em entrevista a emissora de rádio CBN, no dia 28 de março. Disse que a crise que o País passa, acaba com a legitimidade e credibilidade das instituições políticas.

Deputada Erundina, a senhora está enganada, a crise não acaba com a credibilidade e legitimidade das instituições, essas coisas acabaram há muito tempo. Na verdade, essa tal de credibilidade nunca foi lá essas coisas. Não lembro de ninguém com 20, 30 ou 60 anos que possa dizer: “confio nas instituições políticas do meu país”. Desde que nasci não tenho coragem de botar minha mão no fogo por político nenhum, por instituição nenhuma

Se a senhora acha que o Brasil é um País democrático, comete outro engano. Somente nossas instituições têm princípios democráticos. Nós brasileiros ainda não sabemos o que é democracia. Não entendemos nossos direitos e não descobrimos que nossas leis foram feitas para não funcionar. Para todo crime existe uma “brecha na lei”.

Se soubéssemos que por lei, o salário mínimo deveria garantir: alimento, roupas, lazer, transporte, educação e algumas outras coisas que dão dignidade ao ser humano – não estaríamos nessa miséria. Se o Brasil fosse democrático e justo, condenaria o salário mínimo por crime contra a constituição. Isso mesmo, o salário mínimo é anticonstitucional. Por essas e por outras, Senhora Deputada, é uma piada tentar defender instituições políticas

terça-feira, março 28, 2006

Caiu o último homem do presidente

Texto de Victor Martins

Imagens: Victor Martins
Site do Ministério da Fazenda



Ontem caiu o último homem do Presidente, o Ex-Ministro da Fazenda Antônio Palocci. Lula é quase um “Pato manco”, governa sozinho sem os super ministros do começo do governo.

Hoje ele é o cacique que decide tudo. Escolheu para novo Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O novo ministro parece ser o homem das mil e uma utilidades. Já foi Ministro do Planejamento, depois resolveu o pepino do BNDES e agora resolve o pepino do Ministério da Fazenda.

Junto com Palocci, sai o Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. Guido Mantega até ligou para ele na tentativa de mantê-lo no cargo, mas Portugal já havia se demitido. Outro cargo importante que fica vazio é o de Secretário do Tesouro Nacional, que antes era ocupado por Joaquim Levy, que está cotado para ir para o Banco Mundial. Nos corredores do Tesouro Nacional corre a história que ele parte para lá no começo de abril. Sempre que o Secretário é perguntado sobre o assunto responde de forma evasiva.
Ao que tudo indica a transmissão do cargo de Ministro se dará hoje. Mantega assumirá o ministério sem equipe. Há um clima de tensão dentro das Secretarias do Ministério da Fazenda. Os Secretários estão reunidos no momento em que escrevo este texto. A última informação que tive é de que todos pretendem deixar os cargos. O futuro do Ministério da Fazenda irá começar a se definir com o fim dessa reunião, mas devemos esperar o novo Ministro definir a equipe do Ministério. Os cargos de D.A.S. 04 (cargos de confiança) do Ministério da Fazenda estão à disposição do novo Ministro, ou seja, muita gente ainda vai cair.
Últimas noticias:
O Secretário do Tesouro Nacional vai para o Banco Interamericano de Desenvolvimento e não para o Banco Mundial. Em comunicado divulgado no início da tarde de hoje, o Ministério da Fazenda confirma que o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, aceitou o convite do presidente do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), Luís Alberto Moreno, para ocupar a vice-presidência de Finanças e Administração da instituição. O secretário pediu sua exoneração ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que a aceitou.

sexta-feira, março 24, 2006

Quase isto

Leia no blog Quase isto, crítica a propaganda da Hellmann’s: "...A agência Ogilvy, em propaganda para a maionese Hellmann’s, mostrou brasileiros negros representando canibais africanos sendo reeducados em seus hábitos alimentares selvagens pelo branco civilizado. A mensagem é transparente: esses negros selvagens têm que evoluir, deixar de comer mocotó e aderir à alface com maionese..." Leia o texto Ule ule ule tah - a invasão canibal. Leia Quase isto.

Desgraça costumeira

Texto e imagem de Victor Martins



A França está em guerra. O governo francês tenta colocar em prática a Lei do Primeiro Emprego. Estudantes entram em choque com a polícia em protestos contra o governo.

Essa lei permite que o patrão possa despedir a qualquer momento, sem aviso prévio. Não há estabilidade alguma que possibilite qualquer planejamento em longo prazo. Os únicos benefícios que o empregado possui são: Após quatro meses a pessoa tem direito a seguro desemprego. Grávidas tem estabilidade durante a gestação.

Se fosse no Brasil, essa lei seria chamada de Lei de Estágio. Por que os franceses reclamam? Eles são estagiários e ainda tem direito a seguro desemprego depois de quatro meses. Quem poderia querer mais?

Acho que o brasileiro deveria querer mais. Querer dignidade. Tentam criar o estagiário na França e 120 mil pessoas vão para rua protestar. No Brasil, nos roubam, nos oprimem, tiram nossa dignidade, destroem nossa humanidade e o brasileiro diz amém.
Nós brasileiros, morremos nas filas de hospitais. Pagamos caro para ser humilhados em “paus-de-arara” que alguém inventou chamar de ônibus. Fingimos existir escolas públicas, para políticos fingirem ter feito um favor por mal construí-las. Tenho medo de me acostumar com a desgraça. Será que você já se acostumou?
Espaço do leitor
Comentário feito por Armando Mercadante na comunidade do Orkut DpoemaS:
"... em quanto não houver sangue no chão, não haverá sangue nas veias"
Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:
"...temo que nós já estejamos acostumados com muitas coisas! Nos anos que se seguiram após a ditadura, paramos no tempo, a falsa liberdade nos domesticou. Espero que não seja para sempre!"

quinta-feira, março 23, 2006

Como chegar ao vôo 338

Texto e imagem de Victor Martins



Pra que lado fica meu avião? Acho que estou perdida. Mas que diabo de aeroporto grande. Perguntei a um funcionário e ele disse que meu vôo sairia do portão oito.

Cadê o diabo do portão? Acho que estou entrando em pânico. Calma! Calma! Respira: “fuu, fuu”. Deixa o cérebro oxigenar. O homem falou: “O portão oito é ali à direita”. Isso! O portão oito é à direita! Mas pra que lado fica a direita?

Uma vez disseram que é a mão que escreve. Agora lascou! Escrevo com as duas! Então vou por aqui, é melhor – o cara daquele lado direito está me “secando” muito, vou pela outra direita senão fico sem bunda.

E esse diabo de lado direito que escolhi. Não aparece portão oito, portinha sete e meia, nem porta normal. Deveria ter escolhido outro lado direito. Moço! Pra que lado fica o portão oito? Naquele rumo de lá? Muito obrigada, você é um anjo.

Olha que tanto de gente. Olha aquele número oito na parede. É aqui mesmo. Sabia que esse lado direito era o certo, só não vim pra cá porque tinha aquele cara me secando.

Pliiiimpaaaam!!!!!
– Senhores passageiros, o vôo 383 com destino ao Rio de Janeiro sairá do portão nove.

Coisa estranha, o número do vôo é o meu mas, o portão não. Vou esperar aqui.

Pliiiimpaaaam!!!!!
– Senhores passageiros, o vôo 383 sairá do portão nove.

Esse é meu número mais não é o portão, vou esperar meu vôo aqui, foi difícil demais achar esse número oito. Não vou pro nove mesmo. Olha só esse velhinho. Daquele povo todo que tava aqui ficou somente ele. Vou puxar conversa. Senhor! Boa noite! Iurru! Senhor!! Acho que ele é surdo.

Pliiiimpaaaam!!!!!
– Atenção senhora Maria Joaquina, embarque IMEDIATAMENTE pelo portão nove.

Oxi! Não embarco não, meu portão é o oito.

Pliiiimpaaaam!!!!!
– Atenção senhora Maria Joaquina, EMBARQUE DE UMA VEZ PELA PORRA DO PORTÃO NOVE, CARALHO!!!!!!!!! E tenha uma boa viagem.
*Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência

quarta-feira, março 22, 2006

Queima de arquivo (Conspiração dor de barriga)

Texto e fotografia de Victor Martins

Ele está a me vigiar, sabe que vou denunciá-lo, sabe também que não tenho mais medo. Já escapei das arapongas e tentativas de queima de arquivo. Sou um sobrevivente e você leitor, minha testemunha.
Na última tentativa de apagar-me, foi por envenenamento. Estava com pressa para voltar ao trabalho, não tinha almoçado, tive de comer um churrasquinho. Para meu azar estava contaminado pelo bandido. Não morri como é obvio, mas tive muita dor de barriga. Aliás, me afoguei em lama pra não dizer outra coisa, dor de barriga não é nem bondade é ser leviano. Possivelmente fez isso para melhor seguir-me.

Onde eu ia deixava rastro, e não se faça de bobo leitor, sabe da qualidade de rastro que estou falando. O safado seguiu as pistas que meu estado deixava, perseguiu-me até o hospital. Não pude imaginar, mas até os médicos estavam corrompidos. Enquanto me desfazia no leito hospitalar, uma enfermeira sem nome furava meu braço, pretendia aplicar-me medicamento misterioso. Na tentativa de acertar uma veia do pescoço reagi com o resto de minhas forças e fugi para local seguro.
Depois disso, recebi convite de fuga para Brazilinha - Goiás. Neguei por que amo o Distrito Federal e tudo que gira em volta. Adoro os paradoxos desse local, mesmo os inventados por mim. Essa capital é diferente a ponto dos filhos de Brasília, serem filhos de Sulistas, Nordestinos, e gente de todo o país. Os filhos daqui mesmo estão nascendo agora. Por isso fico! Não será uma tentativa de assassinato que me afastará da cidade modernista, nem problemas intestinais que me farão calar. Revelarei toda descoberta que fiz, minha investigação de meses, cheia de triangulações e dificuldades mais. O mundo precisa saber. Mas o editor me deu pouco espaço nesta edição. Não se preocupe leitor, sobreviverei a qualquer investida contra mim, na próxima edição, em quinze dias, digo tudo.

quinta-feira, março 16, 2006

O céu tem mais um anjinho

Texto de Victor Martins



Imagem: Site do Ministério dos Trasportes


O céu tem mais um anjinho, é uma menina. Não a chamarei pelo nome, só de Anjinho. Não queria escrever mais desgraças, mas esse Anjinho merece ser lembrado. Alçou vôo ao céu impulsionado por um carro. Primeiro decolou em direção ao asfalto para depois voar para as nuvens. A única marca que deixou na terra foi o sangue no asfalto escuro, próximo a faixa de pedestre.

Escrevi esse parágrafo há quase um ano. Nunca consegui terminar o texto, só esse parágrafo acima. Na época, achei que não havia mais nada a dizer. Hoje penso que deveria ter dito mais. Deveria ter contado sobre a mortalidade no trânsito. Sobre as campanhas que ajudam a reduzir atropelamentos e demais acidentes. Deveria ter falado muito e ainda devo. Mas só consigo pensar que o céu tem mais um anjinho. E todos os dias novos anjinhos baterão as portas do céu.

Resumo de acidentes e vítimas

TOTAL DE ACIDENTES SEM VÍTIMAS
66.497

TOTAL DE ACIDENTES SÓ COM ILESOS E FERIDOS
30.484

TOTAL DE ACIDENTES SÓ COM ILESOS E FATAIS
11.310

TOTAL DE ACIDENTES COM ILESOS, FERIDOS E FATAIS
14.787

TOTAL DE ACIDENTES SÓ COM FERIDOS
17.873

TOTAL DE ACIDENTES SÓ COM FATAIS
1.487

TOTAL DE ACIDENTES SÓ COM FERIDOS E FATAIS
6.260

TOTAL DE ACIDENTES
104.863

TOTAL DE ILESOS
364.248

TOTAL DE VÍTIMAS FERIDAS
60.326

TOTAL DE VÍTIMAS FATAIS
5.780

TOTAL DE VEÍCULOS ENVOLVIDOS
175.882

TOTAL DE OCUPANTES ENVOLVIDOS EM ACIDENTES
484.696

TOTAL DE VÍTIMAS SOCORRIDAS PELA PRF
10.037

*Fonte: Ministério dos Transportes


Espaço do leitor

Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:
"Perdi duas pessoas na família em acidentes de trânsito, acidentes muito, muito graves. Nenhum deles estava embriagado... Os números estão aí, para quem quiser ver. Transformamos um transporte cômodo em uma arma!É uma pena"

quarta-feira, março 15, 2006

Procura-se mijão

Texto e foto de João Filipi Porto
Ilustração de Victor Martins

Todo dia uso a passarela subterrânea. A placa: “preserve sua vida”, colocada no Eixão faz sentido. Tenho medo de atravessá-lo principalmente na hora do “rush”, toda semana vemos nos jornais mortes causadas por imprudência dos pedestres, que arriscam atravessar o eixo esquivando-se dos carros.

Uma coisa que me intriga bastante é por que diabo as pessoas insistem em fazer xixi nas passarelas? Talvez se diminuísse o odor ocorreriam menos acidentes no Eixão. Quem será que faz xixi na passarela? Essa é outra pergunta importante, pois eu nunca vi alguém fazer xixi na passarela, embora seja óbvio que as pessoas usem-no como banheiro. Esse repórter não conseguiu entrevistar nenhum meliante.

Engraçado, passarelas movimentadas como a do Banco Central – Hospital de Base não fedem, porque os ambulantes estão presentes por toda parte inibindo os “mijões” de cometer atos de vandalismo. Será que devemos distribuir feiras ambulantes em todas as passarelas para torná-las mais seguras e limpas? Com certeza o Niemeyer deve estar torcendo o nariz com essa idéia.

O problema maior é que não consigo descrever o perfil desse vândalo. Será que são os engravatados do Bancen que saíram do Banco e esqueceram de usar o troninho? Ou serão mendigos que nem troninho possuem.? Logo o Governo do Distrito Federal terá que disponibilizar banheiros químicos em passarelas. Confesso, está idéia é ridícula, mas na atual falta de educação dos brasilienses, a medida bem que seria de extrema valia.
Quando digo falta de educação me incluo nos mal-educados, essa verdade deve ser encarada, quanto maior nosso descaso com o que nos cerca, pior fica a nossa qualidade de vida. Isto serve tanto para as passarelas quanto para a rodoviária do Plano Piloto, outro grande problema de Brasília e que muitos brasilienses fingem não enxergar.
Espaço do leitor
Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:
"Bem, só sei que os "mijões" são homens! Mulheres não agacham para mijar em passarelas, não mesmo. Na verdade Niemayer não pensou nas necessidade biológicas das pesssoas quando projetou Brasília. Recentemente, numa reportangem, as pessoas confirmaram a dificuldade de se encontrar banheiro na Esplanada, por exemplo, obviamente porque não tem. O banheiros das entrequadras foram desativados há anos.Um bom recurso seriam os banheiros químicos."
Comentário feito por Victor Martins no Pauta que pariu:
"O odor de "mijo" nas passarelas esconde o medo de passar por elas. Ainda bem que as passarelas fedem, senão teriamos que passar por elas."

sábado, março 11, 2006

De terça-feira gorda a quarta feira de cinzas Fotos de Victor Martins

E brasília tem carnaval????
Tem sim senhor!!!!
Tem folia com espuma...
...fantasia de perua...
...heróis de quadrinhos...
...sexo seguro ...
... cores e misturas...
...Oscarito na avendida...

...de cara estampada...
...ao som dos cavaquinhos... ...mas na quarta-feira de cinzas, acaba.

Mas brasília tem caranaval!

Espaço do leitor

Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:

"É... Brasília tem carnaval sim senhor! Não tem o glamour do Rio de Janeiro nem o agito de Salvador, mas resiste ao descaso do GDF e de uma população preconceituosa de si mesma"

sexta-feira, março 10, 2006

Palácio do Buriti


O Brasil não tem rei, mas têm palácios – o da Justiça, o do Planalto e outros. A capital do país é palaciana. Ostenta prédios de traços artísticos recheados de gente de todas as grandezas. Gosto do palácio do Buriti, não daquele prédio do governo. Refiro-me a uma obra desconhecida, de um senhor apelidado Buriti e do barracão levantado por ele em Taguatinga.

A beleza de Brasília não se resume aos prédios e ruas bem desenhadas, o que é bonito em Brasília é o povo. O palácio do senhor Buriti era belo, não na arquitetura, mas na gente que freqüentava aquele barraco, lugar que o tempo e os freqüentadores deram o nome de Palácio. No Brasil realmente não tem rei, mas no palácio do Buriti, cavaquinho é majestade e percussão tem título de nobreza. E os majestosos sambistas de outrora e de hoje eram evocados quase todas as noites. No natal cantavam Noel, nas sextas iam de Cartola e o samba que era carioca nascia às margens dos poderes da república e se fazia brasiliense.

Brasília foi feita de cariocas, maranhenses, goianos, a junção dos povos brasileiros, obra de engenharia magnífica que faz do Planalto Central o mais brasileiro dos lugares. Os traços que Brasília seguiu tornaram-na hoje, cidade com maior Índice de Desenvolvimento Humano do país. Humanidade tão desenvolvida que há alguns anos expulsou Buriti do Palácio a murros e pontapés. Derrubaram o barraco alegando ali serem terras públicas.

Buriti não toca mais samba, perdeu o cavaquinho e a alegria no despejo, havia feito o palácio por que achava estar construindo em terras da União: Brasília, terra da união dos povos brasileiros. Mal sabia que União era o Estado. Agora sabe pelo menos, que Índice de Desenvolvimento Humano fica no Plano Piloto e que na periferia tem índice de violência humana.

Foto e texto de Victor Martins
Espaço do leitor
Comentário feito por João Filipi no Pauta que pariu:
"Crítica contundente!"
Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:
"Excelente crônica. Infelizmente a história do Sr. Buriti é a história de tantos outros brasileiros e brasileiras. Como ele, muitos desconhecem o que são direitos humanos e cidadania. Não porque são alheios à língua portuguesa, mas porque não tiveram a chance de exercê-los.Até quando?"

terça-feira, março 07, 2006

Para além dos risos e flores


(Texto para e sobre o Dia Internacional da Mulher e outras relações)
Buquê de flores, caixa de bombom, jantar romântico e promoções quentíssimas do mercado são alguns dos presentes que costumamos receber no dia oito de março. Além disso, os meios de comunicação preparam sua programação em torno de personagens femininas.

Estes são acontecimentos comuns para recordar o Dia Internacional da Mulher. Contudo, em 24 estados do Brasil os Fóruns Estaduais de Mulheres e grupos da sociedade civil que fazem parte do movimento feminista preferem comemorar de outra maneira. Na véspera, dia sete de março, * serão realizadas manifestações, atos e vigílias alertando para a impunidade da violência contra as mulheres e pela aprovação do Projeto de Lei nº 4559. Esse projeto prevê medidas educativas, assistenciais e punitivas para a violência doméstica.

A data vêm sendo comemorada a mais de 25 anos e percebo muita gente se questionando se ainda haveria necessidade de tanta ação. Algumas pessoas dizem “se hoje elas conquistaram o direito de votar, trabalhar e até entrar no campo político, o que falta mais ?”

O questionamento emerge com um ar inseguro, com uma certa desconfiança e um medo de perda de espaço. Entendemos. As mulheres já conquistaram vários espaços. Contudo, quando se trata de violência, muitas não conseguem enfrentá-la, seja nos espaços privados quanto públicos.

A tese de que a sociedade é organizada de forma patriarcal, onde os homens recebem vantagens sobre as mulhers ainda é muito criticada. Mesmo nas relações homoeróticas (entre pessoas do mesmo sexo), a hierarquia de papeis sexuais é bem diferente quando se observa a dinâmica de casais de lésbica e de casais gays. A violência entre casal de lésbicas é mais velado, assim como a demonstração da lesbiofobia.

Pesquisas comprovam que a violência contra gays se encontra, em grande parte, nos espaços públicos. É mais fácil de perceber, está na cara da sociedade. Enquanto isso, a violência contra lésbicas está nos espaços privados. Dentro das casas onde os/as agressore/as podem ser tanto parentes próximos como a própria companheira.
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) não estão preparadas para atender a denúncia de uma agressão feita por uma mulher. A delegacia naturalizar a heterossexualidade quando nega a possibilidade da mulher ser uma possível agressora dentro de uma relação lésbica. Além de invisibilizar questões relativas ao casal. Argumentar que a violência entre lésbicas acontece quando elas resolvem imitar relacionamentos héteros é dar um tiro no pé.
Texto e foto de Alexandra Martins
Para além dos risos e flores

Espaço do leitor

Comentário feito por Magie no Pauta que pariu

Muito bom este texto. O destaque sobre a violência feita por outra mulher é uma questão importante, porém ocultada na políticas públicas. Os feminismos ainda têm um grande trabalho pela frente!

Comentário feito por Victor Martins no Pauta que pariu

Hoje não dou parabéns a nenhuma mulher pelo oito de março. Isso porque a data me parece machista e eu sou machista. Comemoraria se hoje fosse a data do fim da venda de bundas mulatas para estrangeiros. Sou machista, ainda não conheci um homem que não seja. Não acredito que dar uma rosa vermelha a uma mulher vá resolver desigualdades.

Na onda dos dias internacionais, poderia ser criado o dia internacional do ser-humano. Precisamos de um dia para lembrar do significado da palavra Humano, para ver se o homem aprende a olhar a mulher como semelhante. Para que se acabe com humilhações e relações desiguais entre homens, mulheres, gays, lésbicas e transgêneros (tá vendo como sou machista, falei dos homens primeiro).

Como disse uma amiga feminista, tem de ser “além dos risos e flores”. Oito de março não deveria servir para presentes. Essa data deveria ser um marco na legitimação dos Direitos Feministas, dos Direitos Humanos. Um dia para homens entenderem o machismo. E para todos entenderem que o diferente não é ruim. Se eu falei merda me critiquem.

Comentário feito por Rogério Moraes no Pauta que pariu

A data acaba sendo apenas Histórica, e simbólica. O que interessa mesmo é criar condições de igualdade para todos sem exceções onde o cidadão seja agraciado com privilégios de acordo com a sua competência e não pelo sexo, cor de pele, crença ou por qualquer outro fator.Pela luta as mulheres merecem parabéns todos os dias mais com certeza elas querem apenas respeito.

segunda-feira, março 06, 2006

Porque PSDB demora para escolher candidato a presidência

Imagens de São João D'aliança

Há muito tempo no povoado da Capetinga existia um rio com mesmo nome do povoado. Cruzava o vilarejo e desaguava no Rio Tocantins. O tempo passou e o vilarejo virou cidade, São João D´ Aliança. O rio também mudou de nome, ficou conhecido como Rio das Brancas devido ao fato das belas que freqüentavam o local. Hoje, nem só de belas vive o Rio. Graças ao brinquedo da chácara do Mário, o Rio das Brancas tornaram-se ponto de esportes radicais. O B alanço, como popularmente é conhecido, ganha adeptos não só da cidade de São João, mas também das demais cercanias da Chapada dos Viadeiros. A brincadeira trata-se de saltar em um balanço feito de cabos de aço, alturas que variam de 2 m a 3 m. Os mais treinados conseguem fazer até manobras no ar.

"Texto e imagens de João Filipi Porto, colaborador do Pauta que pariu"
"Como o rio era um cachorro,
o mar podia ser uma bandeira
azul e branca
desdobrada no extremo do curso
— ou do mastro — do rio."
João Cabral de Melo Neto, O Cão sem plumas

Rambo tupiniquim


Rambo não sabe quando nasceu, colocou a data de aniversário em 4 de julho de 1963. Diferente do personagem de Sylvester Stallone no cinema, nunca foi do exército, mas é um sobrevivente, chegou a comer capim na infância para não ter que roubar. No documento de identidade consta o nome de Edson Pereira da Silva. Quase ninguém o chama assim, ele é mais Rambo que qualquer outro nome.
Mede um metro e setenta e um centímetros, pesa por volta de 85 quilogramas e ganhou o apelido por causa da coragem. “Agente tem que andar ao lado da morte sem brincar com ela”, afirma. Desarmava pessoas, separava brigas e protegia a quem necessitasse. Mais da metade do corpo é dotado de cicatrizes, tomou várias facadas e sofreu diversos atentados contra a vida, tem no braço esquerdo a marca de um ataque de onça.
Segundo ele, na infância teria sido raptado de casa em Goiânia - uma família chamada Lavale teria sido autora do rapto. Cresceu entre a rua e orfanatos, vida que lhe proporcionou um conhecimento todo baseado no instinto de sobrevivência. Vida também que lhe trouxe males, como a bebida. Talvez pelos traumas sofridos e pelo álcool apresenta, às vezes, discurso confuso quase fantasioso, mas humanista. “Protejo as pessoas por que é como se eu ajudasse alguém da minha família.” Atualmente, parou de beber. Está sóbrio e trabalha durante a semana em uma chácara em Águas Claras, nos fins de semana pode ser encontrado nos arredores do antigo Mercado Sul, Taguatinga.
Rambo realmente tenta ajudar as pessoas, já foi convidado a ser vigia ou “protetor” de uma rua em Taguatinga, impedia assaltos na área. Mas todo esse complexo de super-homem lhe rendeu um coma e diversas cirurgias. Morou com uma tribo indígena no Pará. “Quando saí da aldeia e voltei p’ra cidade, acostumado com lamparina queria apagar lâmpada soprando.” Nesse tempo que morou na tribo, aprendeu a fazer artesanato com madeira, o que lhe dá algum dinheiro para sobreviver.
Já foi o Homem Platina: tinha um capacete com antenas de TV e a pele pintada com spray prata, queria ser herói de cinema. Certa vez afirmou: “Sobrevivo de aço e alumínio”.
Por Victor Martins
"Matéria publicada em novembro de 2005 no boletim informativo Primeira Impressão"

sexta-feira, março 03, 2006

quarta-feira, março 01, 2006

Agora sim é 2006

O ano no Brasil começa na quarta-feira de cinzas depois do meio dia. Por isso caro leitor: "Feliz 2006!" . A partir de hoje, nós brasileiros, voltamos a labuta diária. Aos engarrafamentos e ao "stress" nosso de cada dia. Em fim, o congresso voltará a trabalhar (será?).
Na verdade não entendo muito bem esse meio-feriado, quarta-feira de cinzas deve ser o único meio-feriado existente nos calendários mundiais. Então, se ele é o único e acho que não estou enganado: "Viva o jeitinho brasileiro!".

Jeitinho brasileiro sim, pouca gente deve se lembrar. Pra falar sério, nem eu lembrava – mas quarta-feira de cinzas marca o início da quaresma. Quaresma são os 40 dias que antecedem a Páscoa.
Mas voltando ao feriado, se não me contassem que quarta-feira de cinzas era o inicio da quaresma, eu iria continuar acreditando que esse meio-feriado era só pra curar a ressaca do povo depois do carnaval. Mas pensando bem, um meio feriado no meio da semana – é melhor emendar e só voltar pra labuta na quinta-feira. Como de quinta para o fim de semana são só dois dias, é preferível dar uma espichada nessa folguinha e dar feliz ano novo só na segunda-feira, dia seis. Até lá!

Quem me dera não existir politiqueiro

Além dos bacanais, viagens, carros e toda “putaria” congressista paga com dinheiro público – Brasília tem carnaval. Brasília pode não ser a capital do samba, mas é a capital do país do samba, do frevo e do carnaval. Eu sei que os políticos brasileiros fazem folia com dinheiro público, mas a culpa não é do brasiliense. Somos tão brasileiros quanto o baiano ou o gaúcho, ficamos indignados e vergonhosos dos politiqueiros do país. Afinal, o congresso é composto por gente de todo Brasil, e o morador do planalto central também é lesado.
Apesar do nome Brasília estar afundado em lama das arapongas politiqueiras, temos carnaval. E não furtamos ninguém para fazer folia. Temos o bloco de rua chamado Pacotão, que critica essa “putaria” política. Existe também o Galinho de Brasília, assemelhado ao Galo da meia-noite nordestino; só que sem as ladeiras de Recife. Há ainda o Ceilâmbódromo (acho que escreve assim), mistura de Ceilândia – cidade satélite de Brasília e Sambódromo. Samba, batuque e folia. Essa é receita das escolas de samba de Brasília, tirando a falta de respeito do Governo do Distrito Federal, que não oferece lugar fixo para os desfiles, e não ofereceu transporte a Mocidade de Valparaíso – única escola sem transporte gratuito – a festa no Ceilâmbódromo foi bonita, só faltou não existir politiqueiro.
"Fotografia de João Filipi Porto, colaborador do Pauta que pariu"

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