segunda-feira, março 06, 2006

Rambo tupiniquim


Rambo não sabe quando nasceu, colocou a data de aniversário em 4 de julho de 1963. Diferente do personagem de Sylvester Stallone no cinema, nunca foi do exército, mas é um sobrevivente, chegou a comer capim na infância para não ter que roubar. No documento de identidade consta o nome de Edson Pereira da Silva. Quase ninguém o chama assim, ele é mais Rambo que qualquer outro nome.
Mede um metro e setenta e um centímetros, pesa por volta de 85 quilogramas e ganhou o apelido por causa da coragem. “Agente tem que andar ao lado da morte sem brincar com ela”, afirma. Desarmava pessoas, separava brigas e protegia a quem necessitasse. Mais da metade do corpo é dotado de cicatrizes, tomou várias facadas e sofreu diversos atentados contra a vida, tem no braço esquerdo a marca de um ataque de onça.
Segundo ele, na infância teria sido raptado de casa em Goiânia - uma família chamada Lavale teria sido autora do rapto. Cresceu entre a rua e orfanatos, vida que lhe proporcionou um conhecimento todo baseado no instinto de sobrevivência. Vida também que lhe trouxe males, como a bebida. Talvez pelos traumas sofridos e pelo álcool apresenta, às vezes, discurso confuso quase fantasioso, mas humanista. “Protejo as pessoas por que é como se eu ajudasse alguém da minha família.” Atualmente, parou de beber. Está sóbrio e trabalha durante a semana em uma chácara em Águas Claras, nos fins de semana pode ser encontrado nos arredores do antigo Mercado Sul, Taguatinga.
Rambo realmente tenta ajudar as pessoas, já foi convidado a ser vigia ou “protetor” de uma rua em Taguatinga, impedia assaltos na área. Mas todo esse complexo de super-homem lhe rendeu um coma e diversas cirurgias. Morou com uma tribo indígena no Pará. “Quando saí da aldeia e voltei p’ra cidade, acostumado com lamparina queria apagar lâmpada soprando.” Nesse tempo que morou na tribo, aprendeu a fazer artesanato com madeira, o que lhe dá algum dinheiro para sobreviver.
Já foi o Homem Platina: tinha um capacete com antenas de TV e a pele pintada com spray prata, queria ser herói de cinema. Certa vez afirmou: “Sobrevivo de aço e alumínio”.
Por Victor Martins
"Matéria publicada em novembro de 2005 no boletim informativo Primeira Impressão"

Um comentário:

Marjorie Chaves disse...

Ahhhh... eu me li esta publicação antes de muita gente! O Rambo ainda continua perambulando em Taguá, eu imagino. Existem muitos e muitos Rambos nesse Brasil!

Apanhando da vida e da polícia.

=/

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