terça-feira, março 07, 2006

Para além dos risos e flores


(Texto para e sobre o Dia Internacional da Mulher e outras relações)
Buquê de flores, caixa de bombom, jantar romântico e promoções quentíssimas do mercado são alguns dos presentes que costumamos receber no dia oito de março. Além disso, os meios de comunicação preparam sua programação em torno de personagens femininas.

Estes são acontecimentos comuns para recordar o Dia Internacional da Mulher. Contudo, em 24 estados do Brasil os Fóruns Estaduais de Mulheres e grupos da sociedade civil que fazem parte do movimento feminista preferem comemorar de outra maneira. Na véspera, dia sete de março, * serão realizadas manifestações, atos e vigílias alertando para a impunidade da violência contra as mulheres e pela aprovação do Projeto de Lei nº 4559. Esse projeto prevê medidas educativas, assistenciais e punitivas para a violência doméstica.

A data vêm sendo comemorada a mais de 25 anos e percebo muita gente se questionando se ainda haveria necessidade de tanta ação. Algumas pessoas dizem “se hoje elas conquistaram o direito de votar, trabalhar e até entrar no campo político, o que falta mais ?”

O questionamento emerge com um ar inseguro, com uma certa desconfiança e um medo de perda de espaço. Entendemos. As mulheres já conquistaram vários espaços. Contudo, quando se trata de violência, muitas não conseguem enfrentá-la, seja nos espaços privados quanto públicos.

A tese de que a sociedade é organizada de forma patriarcal, onde os homens recebem vantagens sobre as mulhers ainda é muito criticada. Mesmo nas relações homoeróticas (entre pessoas do mesmo sexo), a hierarquia de papeis sexuais é bem diferente quando se observa a dinâmica de casais de lésbica e de casais gays. A violência entre casal de lésbicas é mais velado, assim como a demonstração da lesbiofobia.

Pesquisas comprovam que a violência contra gays se encontra, em grande parte, nos espaços públicos. É mais fácil de perceber, está na cara da sociedade. Enquanto isso, a violência contra lésbicas está nos espaços privados. Dentro das casas onde os/as agressore/as podem ser tanto parentes próximos como a própria companheira.
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) não estão preparadas para atender a denúncia de uma agressão feita por uma mulher. A delegacia naturalizar a heterossexualidade quando nega a possibilidade da mulher ser uma possível agressora dentro de uma relação lésbica. Além de invisibilizar questões relativas ao casal. Argumentar que a violência entre lésbicas acontece quando elas resolvem imitar relacionamentos héteros é dar um tiro no pé.
Texto e foto de Alexandra Martins
Para além dos risos e flores

Espaço do leitor

Comentário feito por Magie no Pauta que pariu

Muito bom este texto. O destaque sobre a violência feita por outra mulher é uma questão importante, porém ocultada na políticas públicas. Os feminismos ainda têm um grande trabalho pela frente!

Comentário feito por Victor Martins no Pauta que pariu

Hoje não dou parabéns a nenhuma mulher pelo oito de março. Isso porque a data me parece machista e eu sou machista. Comemoraria se hoje fosse a data do fim da venda de bundas mulatas para estrangeiros. Sou machista, ainda não conheci um homem que não seja. Não acredito que dar uma rosa vermelha a uma mulher vá resolver desigualdades.

Na onda dos dias internacionais, poderia ser criado o dia internacional do ser-humano. Precisamos de um dia para lembrar do significado da palavra Humano, para ver se o homem aprende a olhar a mulher como semelhante. Para que se acabe com humilhações e relações desiguais entre homens, mulheres, gays, lésbicas e transgêneros (tá vendo como sou machista, falei dos homens primeiro).

Como disse uma amiga feminista, tem de ser “além dos risos e flores”. Oito de março não deveria servir para presentes. Essa data deveria ser um marco na legitimação dos Direitos Feministas, dos Direitos Humanos. Um dia para homens entenderem o machismo. E para todos entenderem que o diferente não é ruim. Se eu falei merda me critiquem.

Comentário feito por Rogério Moraes no Pauta que pariu

A data acaba sendo apenas Histórica, e simbólica. O que interessa mesmo é criar condições de igualdade para todos sem exceções onde o cidadão seja agraciado com privilégios de acordo com a sua competência e não pelo sexo, cor de pele, crença ou por qualquer outro fator.Pela luta as mulheres merecem parabéns todos os dias mais com certeza elas querem apenas respeito.

4 comentários:

Marjorie Chaves disse...

Muito bom este texto. O destaque sobre a violência feita por outra mulher é uma questão importante, porém ocultada na políticas públicas.

Os feminismos ainda têm um grande trabalho pela frente!

=*

Anônimo disse...

Hoje não dou parabéns a nenhuma mulher pelo oito de março. Isso porque a data me parece machista e eu sou machista. Comemoraria se hoje fosse a data do fim da venda de bundas mulatas para estrangeiros. Sou machista, ainda não conheci um homem que não seja. Não acredito que dar uma rosa vermelha a uma mulher vá resolver desigualdades.
Na onda dos dias internacionais, poderia ser criado o dia internacional do ser-humano. Precisamos de um dia para lembrar do significado da palavra Humano, para ver se o homem aprende a olhar a mulher como semelhante. Para que se acabe com humilhações e relações desiguais entre homens, mulheres, gays, lésbicas e transgênicos (tá vendo como sou machista, falei dos homens primeiro).
Como disse uma amiga feminista, tem de ser “além dos risos e flores”. Oito de março não deveria servir para presentes. Essa data deveria ser um marco na legitimação dos Direitos Feministas, dos Direitos Humanos. Um dia para homens entenderem o machismo. E para todos entenderem que o diferente não é ruim. Se eu falei merda me critiquem.

Anônimo disse...

Tenho que fazer uma retificação, onde se lê "transgênicos", leia-se "transgêneros".

Rogério Moraes disse...

A data acaba sendo apenas Histórica, e simbólica. O que interessa mesmo é criar condições de igualdade para todos sem exceções onde o cidadão seja agraciado com privilégios de acordo com a sua competência e não pelo sexo, cor de pele, crença ou por qualquer outro fator.

Pela luta as mulheres merecem parabéns todos os dias mais com certeza elas querem apenas respeito.

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