O Brasil não tem rei, mas têm palácios – o da Justiça, o do Planalto e outros. A capital do país é palaciana. Ostenta prédios de traços artísticos recheados de gente de todas as grandezas. Gosto do palácio do Buriti, não daquele prédio do governo. Refiro-me a uma obra desconhecida, de um senhor apelidado Buriti e do barracão levantado por ele em Taguatinga.
A beleza de Brasília não se resume aos prédios e ruas bem desenhadas, o que é bonito em Brasília é o povo. O palácio do senhor Buriti era belo, não na arquitetura, mas na gente que freqüentava aquele barraco, lugar que o tempo e os freqüentadores deram o nome de Palácio. No Brasil realmente não tem rei, mas no palácio do Buriti, cavaquinho é majestade e percussão tem título de nobreza. E os majestosos sambistas de outrora e de hoje eram evocados quase todas as noites. No natal cantavam Noel, nas sextas iam de Cartola e o samba que era carioca nascia às margens dos poderes da república e se fazia brasiliense.
Brasília foi feita de cariocas, maranhenses, goianos, a junção dos povos brasileiros, obra de engenharia magnífica que faz do Planalto Central o mais brasileiro dos lugares. Os traços que Brasília seguiu tornaram-na hoje, cidade com maior Índice de Desenvolvimento Humano do país. Humanidade tão desenvolvida que há alguns anos expulsou Buriti do Palácio a murros e pontapés. Derrubaram o barraco alegando ali serem terras públicas.
Buriti não toca mais samba, perdeu o cavaquinho e a alegria no despejo, havia feito o palácio por que achava estar construindo em terras da União: Brasília, terra da união dos povos brasileiros. Mal sabia que União era o Estado. Agora sabe pelo menos, que Índice de Desenvolvimento Humano fica no Plano Piloto e que na periferia tem índice de violência humana.
sexta-feira, março 10, 2006
Palácio do Buriti
Foto e texto de Victor Martins
Espaço do leitor
Comentário feito por João Filipi no Pauta que pariu:
"Crítica contundente!"
Comentário feito por Magie no Pauta que pariu:
"Excelente crônica. Infelizmente a história do Sr. Buriti é a história de tantos outros brasileiros e brasileiras. Como ele, muitos desconhecem o que são direitos humanos e cidadania. Não porque são alheios à língua portuguesa, mas porque não tiveram a chance de exercê-los.Até quando?"
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2 comentários:
Victor,
Excelente crônica. Infelizmente a história do Sr. Buriti é a história de tantos outros brasileiros e brasileiras. Como ele, muitos desconhecem o que são direitos humanos e cidadania. Não porque são alheios à língua portuguesa, mas porque não tiveram a chance de exercê-los.
Até quando?
Muito bom Vitão...
Crítica contundente!
É isso, abralhos!
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