quarta-feira, março 22, 2006

Queima de arquivo (Conspiração dor de barriga)

Texto e fotografia de Victor Martins

Ele está a me vigiar, sabe que vou denunciá-lo, sabe também que não tenho mais medo. Já escapei das arapongas e tentativas de queima de arquivo. Sou um sobrevivente e você leitor, minha testemunha.
Na última tentativa de apagar-me, foi por envenenamento. Estava com pressa para voltar ao trabalho, não tinha almoçado, tive de comer um churrasquinho. Para meu azar estava contaminado pelo bandido. Não morri como é obvio, mas tive muita dor de barriga. Aliás, me afoguei em lama pra não dizer outra coisa, dor de barriga não é nem bondade é ser leviano. Possivelmente fez isso para melhor seguir-me.

Onde eu ia deixava rastro, e não se faça de bobo leitor, sabe da qualidade de rastro que estou falando. O safado seguiu as pistas que meu estado deixava, perseguiu-me até o hospital. Não pude imaginar, mas até os médicos estavam corrompidos. Enquanto me desfazia no leito hospitalar, uma enfermeira sem nome furava meu braço, pretendia aplicar-me medicamento misterioso. Na tentativa de acertar uma veia do pescoço reagi com o resto de minhas forças e fugi para local seguro.
Depois disso, recebi convite de fuga para Brazilinha - Goiás. Neguei por que amo o Distrito Federal e tudo que gira em volta. Adoro os paradoxos desse local, mesmo os inventados por mim. Essa capital é diferente a ponto dos filhos de Brasília, serem filhos de Sulistas, Nordestinos, e gente de todo o país. Os filhos daqui mesmo estão nascendo agora. Por isso fico! Não será uma tentativa de assassinato que me afastará da cidade modernista, nem problemas intestinais que me farão calar. Revelarei toda descoberta que fiz, minha investigação de meses, cheia de triangulações e dificuldades mais. O mundo precisa saber. Mas o editor me deu pouco espaço nesta edição. Não se preocupe leitor, sobreviverei a qualquer investida contra mim, na próxima edição, em quinze dias, digo tudo.

Um comentário:

Marjorie Chaves disse...

Pois é Victor, um inimigo como este que você arrumou, eu não quero de jeito nenhum!

Putz, muito engraçada esta crônica. Faça outras dessas.

Parabéns.

Colaboradores